O AMBIENTE DAS UNIDADES DE TRATAMENTO INTENSIVO

Os recém-nascidos que precisam de cuidados médicos ou cirúrgicos são internados numa área especial do hospital chamada "Neonatologia" ou Unidade de Tratamento Intensivos Neonatais - A UTI Neonatal – essa UTI combina uma tecnologia muito avançada e diferenciada com profissionais de saúde treinados e especializados na prestação dos cuidados ao bebê prematuro ou doente.

Fazem parte da equipa os neonatologistas (pediatras com treino especializado em recém -nascidos), ajudados por vezes por médicos internos de pediatria, as enfermeiras e auxiliares de ação médica.

Muitos outros profissionais são chamados à UTI consoante os problemas específicos de cada recém-nascido, como por exemplo, cardiologistas, cirurgiões, neurologistas pediátricos, fisiatras, fisioterapeutas, cinesiterapeutas, terapeutas ocupacionais, geneticistas, radiologistas, oftalmologistas, assistentes sociais ou psicólogos. Os pais são também um elemento fundamental na equipa, a sua presença é sempre encorajada e apoiada e poderão ter uma atuação muito importante consoante cada bebê e a gravidade da sua doença.

Entra numa UTI pela primeira vez é certamente um choque para os pais. Não só pela circunstância do seu filho ser muito prematuro ou estar doente e toda a ansiedade natural que isso acarreta, mas pelo ambiente um pouco estranho, desconhecido e por vezes até assustador! As unidades são frequentemente muito movimentadas, com muitas pessoas a desempenharem diferentes funções e com aspecto "muito ocupado", alarmes a tocar e por vezes com luzes estranhas! Mas depois, geralmente o médico ou a enfermeira, vem mostrar o bebê, dar informações clínicas e dizer quais as normas com que a UTI se rege nomeadamente quanto a visitas. As do pai e da mãe são encorajadas durante todo o dia. Mas sendo um local com tantas crianças gravemente doentes, a grande maioria das unidades só permite uma visita curta dos avós ou irmãos, desde que estes não estejam doentes, por exemplo, constipados.

Depois, os pais vão-se habituando a toda a maquinaria da UTI, assim como às rotinas diárias, incluindo a decifração dos termos médicos mais frequentemente utilizados. Os pais são sempre incentivados a perguntar tudo o que desconheçam, a expor as suas dúvidas e angústias e os profissionais tentam sempre mantê-los a par de tudo o que se vai passando com o seu bebê.

As UTIs estão equipadas com máquinas sofisticadas, monitores e materiais especialmente adequados aos recém-nascidos.
Os bebês estão dentro de incubadoras ou berços aquecidos, onde a temperatura e a umidade do ambiente é vigiada. Têm geralmente colocados sensores ligados por fios e cabos a monitores que vigiam os batimentos do coração, a freqüência respiratória, a tensão arterial, a temperatura, os níveis de oxigênio e de dióxido carbono e que alarmam se algum dos parâmetros sai fora do normal. Às vezes apitam só por o recém-nascido se mexer ou por haver mau contacto, não quer dizer que haja uma situação complicada e são geralmente as enfermeiras que vêem o que se passa e avaliam a gravidade de cada alarme. É por isso que frequentemente as UTI são tão barulhentas.

Os bebês que não conseguem respirar sozinhos têm de estar ligados a máquinas que são os ventiladores. Têm um tubo chamado endotraqueal que sai pela boca ou pelo nariz e que por um sistema de outros tubos é ligado ao ventilador. O ventilador vai insuflar ar, com mais ou menos oxigênio, para os pulmões e permitir que se realizem as trocas gasosas fundamentais à vida. Estes recém-nascidos necessitam também de aspiradores de secreções para a ventilação se processar da melhora maneira.

Outros conseguem respirar sozinhos, embora necessitem de alguma ajuda, que muitas vezes é conseguida por um sistema de tubos que entram pelo nariz e que forçam o ar para os pulmões é o chamado CPAP nasal.

Como os bebês agudamente doentes não podem ou não conseguem mamar, tem que ser administrados soros que os alimentem, para além das medicações que precisam. São várias as vias para essa administração. Poder-se-á colocar uns tubos dentro dos vasos, que se chamam cateteres, no nível do umbigo através da veia e artéria umbilical ou mesmo através de uma veia periférica. Há crianças que não precisam destes cateteres e podem ter só um pequeno sistema colocado numa veia. Há outros que embora não possam mamar podem ser alimentados com leite, de preferência materno, por uns tubos que entram pela boca ou nariz e vão diretamente ao estômago. Muitas vezes o que administra os soros ou o leite para o bebê são umas máquinas chamadas perfusoras, e geralmente estão sempre várias junto de cada criança.
Toda esta tecnologia tem de ser adaptada a cada criança e à sua doença. É frequentemente necessário realizar análises ou exames, nomeadamente ao sangue, para ver a evolução da doença e as atitudes a tomar. Estes nem sempre são desprovidas de incomodo e mesmo de dor para o bebê, mas cada vez mais os profissionais da UTI estão alerta para detectar precocemente os sinais de dor e administrar os medicamentos necessários.

Por outro lado, salvo naqueles raros casos em que as mães não podem ou não devem amamentar, o seu leite é sempre o melhor para o bebê. Desde o início deve ser incentivada a recolha do leite da mãe para estimular a sua produção e se poder administrar a cada bebê o melhor leite do mundo, o da sua mãe.

Há recém-nascidos que vão nascer em maternidades que não tem estas UTI. Se a sua necessidade é prevista antes do nascimento, estes bebês são idealmente transferidos ainda dentro da barriga da mãe para locais onde possam ter todo o apoio de que irão necessitar. Se não, têm de ser transferidos através de uma ambulância especialmente preparada para eles e ficam longe da mãe. É mais uma dura prova para os pais. Ao pai que deverá vir ver logo o bebê, costuma ser dada uma fotografia do seu filho para levar à mãe e ajudar a que a separação seja menos difícil.
Todas estas máquinas e procedimentos que rodeiam o bebê podem ser intimidantes e afastar os pais do seu bebê. É preciso que os pais percebam para o que serve toda esta tecnologia e que isto não os impeça de estabelecer laços e contacto com o bebê, e dar-lhe todo o carinho de que ele necessita.
É só preciso aprender a melhor maneira de fazê-lo! E todos os profissionais, sobretudo as enfermeiras que cuidam mais diretamente e estão mais próximas dele, estarão disponíveis para ajudar.

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