OS IRMÃOS MAIS VELHOS
Um nascimento prematuro afecta, não só o casal, que tinha idealizado um «bebé perfeito», gordinho, robusto e saudável, mas também os outros membros da família, nomeadamente os irmãos mais velhos. Subitamente são informados que o bebé já nasceu, mas que é muito pequeno e frágil, e por isso tem de ficar na incubadora para receber «tratamentos especiais» que o irão ajudar a ficar «mais forte» e a recuperar.
Consoante a idade, os irmãos poderão não compreender porque razão o bebé, que estava na barriga da mãe, nasceu tão depressa e não pode ir para casa, conforme estavam à espera. Podem também sentir uma sensação de «abandono», de receio de serem menos amados pelos pais, que nesse momento estão mais centrados no bebé prematuro, ficando mais ausentes de casa durante o período em que permanecem na Unidade de Neonatologia.
Quando o bebé estiver clinicamente mais estabilizado, uma boa forma de minimizar estes sentimentos e estabelecer o contacto e interligação entre os irmãos é incentivar as visitas à Unidade. É aconselhável levar fotografias do recém-nascido para casa, sugerir aos filhos mais velhos que façam desenhos para levar ao bebé, tirar-lhes também fotografias e colocá-las na incubadora, para quando vierem visitar o irmão à unidade o poderem identificar mais facilmente.
É importante reforçar o seu amor por eles e realçar a união familiar, para que, em conjunto possam ultrapassar as dificuldades inerentes a esta fase. Os pais devem tentar explicar-lhes, por palavras simples, as suas preocupações e receios e incentivar os filhos mais velhos a expressar os sentimentos, dúvidas e frustrações, pois isso ajudá-los-á a superar este período e a serem, quando crescerem, pessoas mais fortes e compreensivas.
Quando os pais se sentirem mais angustiados, confusos, preocupados com a situação clínica do bebé prematuro, é importante que procurem ajuda, quer junto da equipa da Unidade Neonatal (médicos, enfermeiros, psicólogos), quer com outros grupos de apoio (pais de ex-prematuros) que, por terem vivido uma experiência semelhante, os compreenderão, apoiarão e confortá-los-ão ao darem o seu testemunho pessoal que, decerto, os ajudará a ultrapassarem melhor esta fase difícil que estão a atravessar.
Quando o bebé tem alta é fundamental preparar previamente os outros filhos da chegada do membro mais novo da família. Explicar-lhes que o bebé está melhor, mais crescido, que já pode sair da Unidade e vai poder juntar-se à família. Os pais deverão estar preparados para que os filhos mais velhos possam ter uma conduta regressiva e mais imatura (querer outra vez a chupeta ou o biberão, usar novamente fraldas, etc), podendo denunciar um comportamento mais irrequieto, demonstrando medo, raiva, ciúme ou ressentimento, na ânsia de chamar a atenção sobre si, como modo de expressar a sua necessidade de atenção e carinho.
Nesta fase, os pais deverão ser mais tolerantes, pois com o passar do tempo eles voltarão a sentir-se seguros e a ter um comportamento adequado à sua idade. Com a vinda do bebé para casa, os pais estarão mais disponíveis e poderão permitir que os irmãos mais velhos colaborem nos cuidados prestados ao bebé (sempre que for possível e com a vigilância necessária), como seja pegar-lhe ao colo ou ajudar a mudar a fralda. Sempre que possível, os pais devem procurar ter ajuda em casa, contando com a participação dos avós ou de outro familiar ou amigo, para assim poderem dar maior atenção aos outros filhos.
Os pais devem aproveitar o tempo em que o bebé está a dormir para dar atenção aos outros filhos, jogar com eles, ler-lhes uma história ao deitar, ir buscá-los ao infantário / escola, participar nas suas brincadeiras, o que requer tempo e paciência.
Este esforço conjunto será, no futuro, recompensado com uma relação familiar mais forte e coesa.
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