A PELE DO PREMATURO
A pele é um dos maiores órgãos (cerca de 2500 cm2 no recém-nascido) e o maior órgão sensitivo do corpo humano. As suas principais funções são de protecção (barreira, percepção da dor) e de relação (tacto). É um órgão flexível, versátil, adaptável e “inteligente”, que faz a interface com o meio ambiente.
Os bebés prematuros, com menos de 30-32 semanas, não têm ainda formadas as camadas de gordura que são armazenadas no final da gravidez. A pele é mais fina, deixando ver bem os vasos sanguíneos nela existentes.
Nos bebés ainda mais prematuros (24-28 semanas), existe apenas uma fina camada de células à superfície da pele, em vez das múltiplas camadas dos bebés de termo.
A perda de água por evaporação através desta fina camada de células é muito grande, sendo também muito frágil ao atrito e aos adesivos. Pode ser tocada pelos nossos dedos, mas não deve ser esfregada nem traccionada, devendo ser usados adesivos especiais para fixação dos sensores e cateteres conectados ao corpo do bebé. Os procedimentos em que é necessário colocar cateteres ou efectuar procedimentos cirúrgicos, que interrompem a fina barreira cutânea, além da preocupação em evitar a dor, são precedidos de desinfecção com produtos específicos.
O facto da pele dos prematuros ser tão fina, também torna muito fácil o arrefecimento do corpo, sendo necessário aquecer e tentar diminuir a perda de água, com películas de plástico especial e irradiadores em incubadoras “abertas” ou fechadas e aquecidas. Ao longo da formação da pele, há uma fase em que está coberta por uma fina “penugem” chamada lanugo, que desaparece mais tarde ou mais cedo. Já próximo do termo da gestação, a pele fica geralmente coberta por um “creme” natural, esbranquiçado, chamado vérnix, que é um excelente protector e hidratante, por vezes ainda visível nos bebés de termo.
A pele dos prematuros não tem ainda pigmento, sendo rosada, qualquer que seja a raça dos progenitores. A pigmentação vai-se dando gradualmente com o termo e depois. Após o nascimento, a pele dos bebés prematuros sofre um “amadurecimento” acelerado que consiste na formação de mais camadas superficiais, ficando com um aspecto descamativo e, após 2 semanas de vida, torna-se semelhante à de um bebé de termo. Dada a fragilidade da pele dos bebés muito prematuros e o seu estado clínico mais ou menos instável nos primeiros dias de vida, só se limpa o estritamente necessário, com água morna ou soro e algodão. Após algumas semanas de vida, poderá ser lavado com água morna, eventualmente com utilização de cremes ou óleos hidratantes depois do “banho”, sempre com o cuidado de usar produtos sem perfumes, sem conservantes, não detergentes e muito suaves, para evitar a absorção cutânea de substâncias químicas e manter a hidratação da pele.
O sentido do tacto é um dos primeiros a amadurecer nos prematuros e, quando a situação clínica o permite, parece ser benéfico para os bebés (ainda que prematuros) o contacto pele-pele com os pais ou outro adulto.
Nos bebés maiores, a massagem da pele feita por pais ou outro pessoal treinado, tem um efeito calmante, reforça os laços afectivos com os progenitores e o sentimento de segurança do bebé, parecendo também possuir um efeito benéfico no seu estado clínico e desenvolvimento.
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