TRATAMENTO DA HIPOTIROXINEMIA TRANSITÓRIA DA PREMATURIDADE

TRATAMENTO DA HIPOTIROXINEMIA TRANSITÓRIA DA PREMATURIDADE. INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA NEONATAL DIÁRIA.

(Tratament of transient hypothyroxinemia of prematurity: a surwey of neonatal practice)

Golombek, S G; La Gama EF; Paneth N. (The Regional Neonatal Center, Westchester medical center, New york Medical College, Valballa, NY)

J Perinatal 2002; 22: 563-565

Resumido pelo Dr. Paulo R. Margotto, Chefe da Unidade de Neonatologia do HRAS/SES/DF.

INTRODUÇÃO

Os recém-nascidos (RN) prematuros, especialmente aqueles com idade gestacional menor que 30 semanas, freqüentemente apresentam períodos que duram de dias a semanas de profunda queda dos níveis de hormônios tireoidianos. Nesta síndrome de hipotiroxinemia transitória da prematuridade (HTTP), geralmente o TSH é normal e os níveis de tiroxina eventualmente aumenta para níveis apropriados para a idade.

Estes baixos níveis de hormônios tireoidianos tem sido relatados por serem marcadores ou causadores de aumento do risco de desabilidade neurocomportamental em 3 grandes estudos.

No entanto, não é conhecido se o tratamento com hormônio tireoidiano neste período melhora o prognóstico neurocomportamental. São poucos os ensaios que examinam esta questão e os publicados não têm poder suficiente para testar corretamente a hipótese.

Assim, fizemos uma investigação dos neonatologistas para examinar a extensão da variação na prática corrente.

Muitos endocrinologistas não recomendam de rotina o tratamento da HTTP com hormônios tireoidianos. (Rapaport R e cl. Hypothyroxinemia in the preterm infant: the benefits and risks of thyroxine treatment. J Pediatr 2001;139:182-8).

MÉTODO

Foram enviados questionários a 100 neonatologistas, usando a definição de http como a queda do T4 total comumentemente detectado nos programas de screening no RN prematuro sem qualquer anormalidade no TSH e que retorna ao normal após vários dias ou semanas; devido a problemas no e-mail, 8 pesquisas retornaram.

Dos 92 questionários enviados, 63 (68,5%) retornaram preenchidos (1 neonatologista retornou o questionário alegando não tê-lo preenchido por não mais exercer a neonatologia). Assim, a análise foi realizada em 62 questionários respondidos.

Em um procedimento separado, os autores pesquisaram 17 participantes do encontro no manuseio da http ocorrido no encontro da Annual Pediatric Academic Societies do ano 2001.

RESULTADOS

Dos 62 que responderam, 18 (29%) indicaram que trataram estes bebês com hormônio tireoidiano em pelo menos uma ocasião e 13 trataram uma média de 45 RN nos últimos 12 meses (a média de idade de início do tratamento foi de 25 dias). Somente 8 neonatologistas indicaram a média do nível total de tiroxina para iniciar o tratamento (4mg%: variou de 2-6 mg%); 3 responderam que usam a tiroxina livre como guia de tratamento. Dos 17 neonatologistas que participaram do encontro anual, 7 (41,2%) trataram este RN com hormônio tireoidiano, sendo que 6 (35,3%) o fizeram no ano passado; o tratamento foi iniciado aos 13 dias de vida em média. Todos os neonatologistas alegaram que consultaram o endocrinologista para orientação quanto ao manuseio destes RN e nenhum relatou ter usado o T4.

DISCUSSÃO

Nossa pesquisa sugere que aproximadamente ⅓ dos neonatologistas questionados usaram hormônio tireoidiano no tratamento de RN com http e 20% destes parece fazê-lo com uma certa regularidade.

O tratamento foi iniciado mais cedo entre os neonatologistas do encontro anual da Pediatrics Academic Societies.

O ensaio randomizados tem falhado em responder claramente o dilema: tratar ou não. Todos os ensaios falham pelo pequeno tamanho da amostra, pela incerta da randomização. Enquanto Schonberger e cl (J Pediatr 1981;135:245-43) relatam diminuição da mortalidade com a suplementação de T4 e T3, Chowdry e cl (Pediatrics 1984; 73:301-5) e Vanhole e cl (Pediatr Res 1997;42:87-92) não relataram benefício a longo termo. Ambos os estudos foram muito pequenos (12 e 34 RN, respectivamente).

O maior estudo, envolvendo 100 RN< style="text-transform: uppercase;">http. A mortalidade e achados neurológicos anormais foram reduzidos em ⅓ ou mais no grupo tratado, mas o número foi muito pequeno para a significância. Nos RN <> 28 semanas. No geral, o QI foi levemente menor no grupo placebo.

A despeito de que haja evidências que os RN com http são de maior risco para apresentar anormalidades neurocomportamentais, não se recomenda a suplementação tireoideana nos RN com http com tsh normal (Osborn. DA. Cochrane Data base Sysl Rev 2001;4: CD001070. Thyroid hormones for preventing neurodevelopmental impairment in preterm infants). Esta posição é razoável, uma vez da ausência de uma firme evidência de melhora no prognóstico dos RN com http tratados.

A variação na prática neonatal, no entanto, sugere a necessidade de um ensaio controlado e randomizado de suplementação de hormônio tireoidiano aos RN com http, ensaio este com poder suficiente para analisar se o tratamento pode reduzir o risco de desabilidades neurocomportamental.

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