O CÉREBRO

O CÉREBRO,

O cérebro do bebé prematuro é particularmente frágil.
Uma das complicações que pode ocorrer é a hemorragia. Felizmente esta hemorragia ocorre, não no tecido nervoso mas sim nos ventrículos. Estes são espaços localizados no meio do cérebro e preenchidos com liquido cefaloraquidiano. Assim este tipo de hemorragia designa-se por hemorragia intraventricular (HIV). Os ventrículos não têm funções cerebrais e uma pequena quantidade de sangue intraventricular, não tem em geral consequências.
No entanto uma hemorragia extensa pode levar a alargamento dos ventrículos com aumento da pressão condicionando mesmo uma hidrocefalia.
A maioria das HIV são ligeiras a moderadas (graus 1 e 2) e resolvem espontaneamente sem deixar sequelas.
As hemorragias mais graves (grau 3) podem causar dificuldades ao bebé quer durante o internamento quer no futuro.
O traumatismo de parto e o parto pré-termo são condições que podem favorecer a ocorrência de hemorragia através da rotura dos capilares que constituem a matriz germinal (rede de capilares periventricular). Cerca de 20-30% das crianças com peso ao nascer inferior a 1500g têm algum tipo de hemorragia mas só cerca de 5% têm HIV grau 3 Aproximadamente metade das HIV ocorrem nas primeiras horas e ultrapassada a primeira semana de vida o risco diminui substancialmente.

A prestação de cuidados que observaram na Unidade de Cuidados Intensivos, com a atenção permanente aos registos dos monitores, na estabilidade da frequência cardíaca e da tensão arterial, bem como na adaptação à ventilação, contribuem para a prevenção da HIV. As analises feitas com frequência, para além doutros parâmetros monitorizam a eficácia da ventilação e o equilíbrio hidro-eletrolítico, aspectos muito importantes neste delicado equilíbrio . A ecografia transfontanelar, que viram executar, é um exame não invasivo e que dá uma boa informação há cerca da existência e da evolução destas situações.

Se é diagnosticada uma HIV, não há pois tratamento específico, só se podem tratar as consequências dessa hemorragia, tais como as convulsões, a anemia, a apneia, mas mesmo uma hemorragia grave pode regredir completamente. E quando o tecido nervoso é atingido? Se o fluxo sanguíneo e o oxigénio são insuficientes numa dada zona do cérebro, pode haver lesão do próprio tecido cerebral. Esta situação pode acontecer mesmo antes do nascimento (problema na gravidez), no parto ou depois do nascimento (por qualquer dos problemas relacionados com a prematuridade). Algumas semanas depois de ocorrer o problema, a ecografia transfontanelar pode mostrar pequenos quistos. Este diagnóstico é seguramente um factor de preocupação, mas não se pode prever o que daí poderá resultar. Quistos nalgumas áreas do cérebro podem não ter significado, noutras como a periventricular, podem corresponder a leucomalácia com consequências de gravidade variável.
Por vezes o diagnóstico é só possível com a repetição da ecografia transfontanelar ou com a realização de ressonância magnética. Algumas vezes a lesão pode ser difícil de diagnosticar e pode não ter nenhuma manifestação clínica. Embora não haja tratamento para esta situação, deve realçar-se que o cérebro do prematuro está ainda em desenvolvimento e se a lesão não é muito extensa, e é só dum lado, outras partes do cérebro podem reparar as funções das áreas lesadas.
A leucomalácia estima-se que aconteça em 5% dos prematuros, sendo maior nas idades gestacionais e no peso mais baixo. Há outros factores predisponentes como as infecções pré-natais, a asfixia ao nascer, a ocorrência de complicações associadas à prematuridade e entre elas a hemorragia intraventricular mais grave (grau 3).

Se se confirma uma leucomalácia extensa há um risco elevado de alteração do desenvolvimento mas se é moderada o risco é muito menor. Cerca de 75% dos bebés com leucomalácia têm alguma sequela que pode ter gravidade muito variável. A paralisia cerebral é uma situação em que há falência no controle dos movimentos voluntários, devido a uma lesão cerebral. Há várias formas de paralisia cerebral dependendo da localização da lesão. No prematuro os membros inferiores são os mais atingidos, porque os nervos que os controlam passam junto aos ventrículos (diplegia espástica).

As alterações cognitivas podem estar associadas à leucomalácia. O diagnóstico de qualquer destas alterações desencadeia sempre nos pais bastante preocupação e por vezes a procura de estatísticas sobre as consequências previsíveis. Mas é importante destacar que as estatísticas reportam-se a grupos de crianças e os resultados podem não reflectir o perfil clínico e desenvolvimento do seu filho. Muitas das crianças a quem foi diagnosticada uma lesão no cérebro têm uma inteligência normal e a alteração motora não é impeditiva duma vida normal.

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